Integrante da tríade de partidos do Centrão, o Republicanos elevou os decibéis da sua insatisfação com o governo. Marcos Pereira, presidente do partido, disse que Jair Bolsonaro (PL) atrapalha o apoio à reeleição ao supostamente boicotar a sigla nos bastidores. A insatisfação ecoa em diversas alas da sigla.
O senador Mecias de Jesus (RR) afirmou ao jornal O Globo que não considera haver risco de rompimento total, mas ressalta que há uma “insatisfação grande” porque o governo não dialoga com a legenda. Com isso, ele acredita que a tendência no momento é o Republicanos optar pela neutralidade na disputa à presidência, como querem muitos de seus correligionários.
“Se tivéssemos que decidir hoje, talvez a decisão seria pela neutralidade, em função da falta de diálogo (com o governo). Talvez a maioria opinaria pela neutralidade. Isso se fosse hoje, mas daqui até as convenções tem um período grande”, declarou Mecias.
O líder da legenda na Câmara, Vinicius Carvalho (SP), afirmou que a declaração de Marcos Pereira expõe uma “indignação pela falta de reciprocidade no que tange a lealdade que se espera daqueles que estão dentro de um mesmo projeto”.
“Quanto a rompimento ou não (com o governo), acredito que esse assunto apenas será trazido ao conselho político do Republicanos após o mês de abril”, afirmou Carvalho.
Para além das eventuais divergências com Bolsonaro, Pereira tem dito a interlocutores que é preciso respeitar as peculiaridades dos diretórios estaduais e dar liberdade para as alianças regionais.
O principal objetivo do partido é aumentar a bancada. A estimativa é eleger cerca de 40 deputados neste ano. No Senado, há expectativa de eleger dois ou três nomes, entre eles João Campos, em Goiás, e João Roma, na Bahia – para isso, ele teria que desistir da disputa ao governo.
Procurado sobre um eventual desembarque do governo, o presidente do Republicanos respondeu que o momento pede “calma” e é preciso aguardar novos acontecimentos.