“É preciso que as pessoas tenham empatia, principalmente conosco, que somos mães atípicas”. A frase é de Naiara Castelo Branco, mãe do pequeno Ricardo Lorenzo e que passou por uma situação constrangedora no transporte público de Teresina. Ricardo tem TEA (Transtorno do Espectro Autista) e, junto com a mãe, ocupava um assento preferencial no ônibus. Ela conta que um idoso se aproximou pedindo para que os dois saíssem e ele pudesse se sentar. Naiara explicou que o filho tem TEA e, como tal, tem direito ao assento preferencial.
É com o intuito de dar vez e voz a essas mães e às pessoas com TEA que o Piauí lançou nesta terça-feira (02), Dia Mundial da Conscientização Sobre o Autismo, o disque denúncia voltado especificamente para casos de preconceitos contra a pessoa autista. O canal de denúncias funciona dentro da Ouvidoria da Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi), que ficará responsável por encaminhar as denúncias recebidas aos órgãos responsáveis.
Presente na solenidade de lançamento do Disque Denúncia, o presidente da Assembleia, deputado Franzé Silva, explicou as parcerias que foram fechadas com os demais órgãos de defesa para se criar uma rede de proteção à pessoa com TEA no Piauí.
“Esta é uma iniciativa não só da Alepi, mas também da Secretaria de Segurança Pública e demais entidades que, hoje, defendem as pessoas com TEA. Dependendo da denúncias recebida, vamos encaminhá-la ao órgão competente: Ministério Público, Defensoria Pública, Polícia Civil ou Polícia Militar. Vamos dar vez e voz para que quem teima em não respeitar as pessoas com TEA possam ser punidas”, afirma Franzé.
Forças de Segurança serão capacitadas para atender a casos de preconceito às pessoas com TEA
A criação do Disque Denúncia não é a única ação que está sendo desenvolvida no Piauí para garantir a inclusão e combater o preconceito à pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA). As Forças de Segurança Estaduais (Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros) também passarão por uma capacitação para atender a ocorrências de discriminação envolvendo pessoas com TEA. O objetivo é humanizar as abordagens.
“As nossas polícias Civil e Militar e os Bombeiros serão capacitados por dois profissionais com experiência na área de atendimento às com TEA. Eventualmente, já estive na rua e sei como é me deparar com alguma pessoas e não saber como lidar com aquela situação, identificar se ela tem alguma deficiência ou se faz uso de alguma substância psicoativa. Temos profissionais qualificados para levar esse conhecimento às nossas forças de segurança para que essa pessoa vítima de preconceito contra TEA tenham um atendimento humanizado e adequado para sua situação”, explica a coronel Elizete, superintendente de Cidadania e Defesa Social da Secretaria de Segurança.