Na reta final da janela partidária, políticos se apressam para negociar as últimas alianças estaduais de olho nas eleições de 2022. Até o momento, foram registradas ao menos 65 trocas de partido entre deputados federais –o equivalente a quase 13% dos 513 parlamentares.
As legendas que mais cresceram foram as do Centrão, como o PL, do presidente Jair Bolsonaro, que se tornou a maior bancada, com 69 membros. O número é superior ao dos petistas, com 53 congressistas, que têm a segunda maior bancada da Casa.
Parlamentares têm até às 23h59 desta sexta-feira (1º) para migrar para outras siglas. De acordo com o levantamento baseado nas informações do sistema da Câmara, o segundo partido que mais recebeu filiações foi o Republicanos, com 13, seguido do PP, com 6. Junto com o PL, ambas as legendas compõem a base aliada do governo Bolsonaro.
Os números, contudo, devem mudar. Isso porque os dados da Casa demoram a ser atualizados, pois dependem da documentação enviada pelos próprios deputados à Mesa Diretora.
Comandado pelo ex-ministro Gilberto Kassab, o PSD recebeu seis novos deputados, mas perdeu dois, e registrou um crescimento de quatro integrantes na bancada. Entre as siglas que mais perderam espaço, está o União Brasil, fusão entre o DEM e o PSL, que ensaiou ter a maior bancada da Câmara, com 81 parlamentares, e ampliou o fundo eleitoral e o tempo de televisão. Do total, perdeu 29 deputados – sendo mais de 20 bolsonaristas – e agora reúne 52 parlamentares.
O analista político André Santos, da Contatos Assessoria Política, explica que a ida de Bolsonaro ao PL impactou a janela eleitoral deste ano, em um cenário polarizado. “No jogo político, o principal palanque é o presidencial. Mas terão que disputar com o principal rival, que é o PT, partido do ex-presidente Lula [Luiz Inácio Lula da Silva]”, justificou.
Tradicionalmente, os partidos apostam no lançamento de candidatos ao Palácio do Planalto para ampliar a gama de nomes e conquistar o maior número na Câmara. Mas, em algumas situações, a estratégia não se cumpre. Como é o caso do Podemos, sigla escolhida anteriormente pelo ex-juiz Sergio Moro, antes pré-candidato à presidência, que agora anunciou a ida ao União ao Brasil. Ainda de acordo com os dados da Câmara, o Podemos perdeu três deputados e não ganhou nenhum, está com oito parlamentares.
Até o momento, nenhum partido deixou de existir na Casa. Com apenas uma deputada, Joenia Wapichana (RR), a Rede segue sendo o menor partido – o deputado Túlio Gadêlha, que era do PDT de Pernambuco, anunciou que seguiria para a Rede, mas o registro ainda não consta do sistema do Legislativo.
A previsão, segundo André Santos, é que haja menos partidos na Câmara para 2023. Isso ocorre devido às novas regras eleitorais, como o fim da cláusula de barreira e das coligações, que mantém fortes partidos maiores e ameaças os nanicos, como Psol, Rede e Novo.
Os dois primeiros avançam na formalização de uma federação. “Já o Novo enfrenta resistências ideológicas, por não ter tanta proximidade de um projeto político de outras legendas”, justificou o especialista.
Confira as movimentações por partido
(Fonte: Câmara dos Deputados)
PL
Recebeu 33
Perdeu 6
Balanço = + 27
Republicanos
Recebeu 15
Perdeu 2
Balanço = + 13
PP
Recebeu 8
Perdeu 2
Balanço: +6
PSD
Recebeu 6
Perdeu 2
Balanço: + 4
União Brasil
Não recebeu ninguém
Perdeu 29
Balanço: – 29
PTB
Não recebeu ninguém
Perdeu 5
Balanço: -5
PDT
Não recebeu ninguém
Perdeu 3
Balanço: – 3
Podemos
Não recebeu ninguém
Perdeu 3
Balanço: – 3
Patriota
Não recebeu ninguém
Perdeu 2
Balanço: – 2
PV
Não recebeu ninguém
Perdeu 2
Balanço: – 2
Solidariedade
Recebeu 1
perdeu 3
balanço: -2
PSB
Não recebeu ninguém
Perdeu 2
Balanço: – 2
MDB
Não recebeu ninguém
Perdeu 1
Balanço: – 1
Cidadania
Não recebeu ninguém
Perdeu 1
Balanço: – 1
PROS
Não recebeu ninguém
Perdeu 1
Balanço: -1
PSDB
Recebeu 1
Perdeu 1
Balanço = 0
(Um dos deputados que saiu do PDT ainda esta sem partido)