Há 1.461 dias, a família da vereadora Marielle Franco e a do motorista Anderson Gomes estão à espera de respostas sobre a motivação e os mandantes do assassinato que vitimou a dupla em 14 de março de 2018, no Rio de Janeiro. A contagem de tempo está no site do Instituto Marielle Franco e também nas redes sociais de pessoas públicas, como a jornalista Eliane Brum e a cartunista Laerte, com o intuito de não deixar que o caso seja esquecido pela Justiça do Rio de Janeiro.
“Mulher, negra, mãe e cria da favela da Maré”, como se apresentava, Marielle foi eleita a quinta vereadora mais votada da cidade em 2016. O assassinato da parlamentar em exercício colocou seu nome e, agora, legado, em projeção nacional e internacional: à medida que a sociedade civil ia às ruas repetir palavras de ordem – “Marielle Presente” e “Não seremos silenciadas”—, as investigações chegavam a nomes de acusados. A seguir, acompanhe os últimos acontecimentos em torno do caso.
O TJ negou o recurso pedido pela defesa dos acusados em fevereiro do ano passado e, com isso, os dois serão submetidos a júri popular. A data ainda não foi definida. Eles negam participação no crime.
A novidade se deu depois da saída voluntária do caso das promotoras de Justiça Simone Sibilio e Letícia Emile. Elas alegaram “interferências externas” para a decisão. A primeira atuou desde a primeira fase e foi responsável pela denúncia oferecida em março de 2019 contra os executores do crime, Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz.
Na ocasião, Anielle Franco (na foto acima, no centro) comentou que a saída tirava a esperança, mas que a família continuaria atrás das respostas sobre o mandante do crime.
Questionado pela Folha sobre a mudança, o promotor Bruno Gangoni, coordenador do Gaeco e da força-tarefa, disse neste domingo (13) que “não houve qualquer ruptura nas linhas de investigação”. Sobre o tempo que se leva para achar os mandantes, disse que “a identificação do mandante de qualquer homicídio é sempre mais complexa que a do executor. Em se tratando de um crime onde os executores são profissionais, que foram policiais militares, que sabem como se investiga, torna-se ainda mais difícil”.
No início de fevereiro, a Polícia Civil confirmou que um quinto delegado ficaria à frente das investigações do crime. A troca de cadeiras, disse a instituição, teve a ver com a promoção do delegado anterior. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) tem agora o delegado Alexandre Herdy no lugar de Henrique Damasceno, que foi promovido para a diretoria do DGHPP (Departamento-Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa). O Comitê, na ocasião do anúncio, viu a troca com “preocupação”.