Em um ano, os brasileiros viram os produtos usados para alimentação no lar ficarem 15,38% mais caros, segundo a prévia da inflação de abril (IPCA-15), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (27).
Os tubérculos e raízes, como aipim e abobrinha, acumularam uma alta de 68% nos últimos 12 meses, 46,75% somente em 2022. Cenoura e tomate despontam com 195% e 117,48% de aumento, respectivamente, em um ano.
No caso do tomate, de acordo com o relatório da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a transição da safra de verão com a de inverno pressiona o preço para cima. Já para a cenoura, houve uma queda na produção de Minas Gerais por conta das chuvas, com uma diminuição da oferta nos centros de abastecimento.
A feira ainda fica mais cara pela batata, com um aumento de 38,68%. De acordo com a Conab, o preço do produto se manteve elevado em meio à menor disponibilidade, também por conta da transição das safras. O fenômeno ainda se repete nas frutas usadas pelos brasileiros, como a laranja-baía (25,4%) e o mamão (40,33%).
O levantamento com base no IPCA-15, também mostra que a segunda maior alta entre os alimentos foi registrada no grupo das hortaliças e verduras, de 35,76%. O repolho, por exemplo, está quase 60% mais caro do que há um ano, enquanto a alface subiu 46,22%.
Outros itens importantes para a mesa brasileira, como o macarrão e a farinha de trigo, também tiveram altas no período de 12 meses. Os produtos acumularam uma inflação de 15,03% e 19,82%, respectivamente. E o óleo de soja registrou um aumento de cerca de 30% no período.
Mesmo o fubá, um dos alimentos mais baratos no mercado, sofreu o efeito da inflação, com alta de quase 29%. O açúcar também pesou no bolso – 37,66% no caso do refinado e 36,33% para o cristal.
Para a planejadora financeira Myrian Lund, os alimentos e bebidas são produtos essenciais para os brasileiros, afetando principalmente o orçamento da classe mais baixa. Além disso, a alta dos preços impacta desde os custos em casa, até os serviços como delivery e restaurantes.
“O salário do brasileiro aumenta uma vez por ano e os preços estão subindo mensalmente e, às vezes, diariamente, o que obrigaria a mudança de hábitos de consumo para manter o saldo positivo no final do mês. O brasileiro vai notar o aumento das despesas, fluxo de caixa negativo no final do mês, maior uso do cheque especial e do cartão de crédito” sinaliza a especialista.
Outro possível impacto da alta dos alimentos é na saúde dos brasileiros. A nutricionista Renata Branco alerta que a preferência por produtos industrializados, que são mais baratos, pode ser prejudicial a longo prazo para a alimentação e também para o bolso.
“A partir do momento em que só se come alimentos ruins, uma hora o corpo vai dar problema e terá que gastar com remédios. Se alimentar bem é economizar com medicamentos. Uma possibilidade, com o tomate, por exemplo, é substituir por outros temperos. E quando estiver mais barato, comprar uma quantidade maior, fazer molho e congelar para ser usado nas próximas semanas”, destaca Branco.