O diabetes é uma doença silenciosa que exige cuidados específicos que vão desde a alimentação aos hábitos de vida. Neste contexto, o diabetes na pessoa idosa, ou seja, o público com mais de 60 anos, exige ainda mais cuidados, pois podem existir outras comorbidades e especificidades que podem evoluir para problemas mais sérios.
Dr. Aécio Lira, médico endocrinologista e doutor pela Universidade de São Paulo, explica que a doença é mais comum do que se imagina. Além disso, por ser crônica, pode levar a quadros mais sérios.
Consumo de carboidratos
A doença, presente no cotidiano de muitas pessoas, está relacionada ao consumo de carboidratos. “O diabetes é uma doença relacionada ao aumento do açúcar, da glicose, no sangue. Quando isso acontece de forma persistente e repetida em exames laboratoriais, classificamos como diabetes mellitus”, explica É uma doença crônica que precisa de controle.
“Quando há o diagnóstico, o indivíduo passa a conviver com essa condição pelo resto da vida. Isso pode levar a complicações como a retinopatia diabética, que pode levar à cegueira. Complicações nos rins que podem levar à necessidade de hemodiálise.
Circulação sanguínea
Problemas cardíacos, além da própria circulação sanguínea, também podem estar relacionados a esta condição. “Há, de fato, um maior risco de infarto. Problemas de circulação também podem levar à amputação de membros inferiores”, revela o endocrinologista.
Um a cada cinco idosos é diabético
O diabetes é uma doença muito comum e, muitas vezes, silenciosa. “Entre adultos de 20 a 80 anos, mais de 10,5% têm diabetes, segundo a IDF [International Diabetes Federation]. Ou seja, um a cada dez adultos têm diabetes. Quando vamos para a parcela mais idosa o número aumenta. Acima dos 60 anos, é 20%. A cada cinco pessoas idosas, uma tem diabetes”, revela o médico Aécio Lira.
Um dos motivos disso é o envelhecimento populacional.
“A população está vivendo mais e pessoas com diabetes estão sobrevivendo à doença. A diabetes no idoso está relacionada à idade, fazendo com que o pâncreas vá diminuindo a produção de insulina. Outra questão própria do envelhecimento é a perda da massa muscular, a sarcopenia, que leva o organismo a ter maior dificuldade de gastar energia em forma de glicose. Isso termina aumentando a glicemia”, aponta o médico.
Os idosos costumam ter outros problemas de saúde, o que pode agravar o quadro. “Medicações podem influenciar, além da questão da alimentação e o sedentarismo. Por uma questão de locomoção, risco e medo, o idoso termina sendo mais sedentário. Ele gasta menos energia e chegar a um aumento de peso, que pode levar à diabetes tipo 2″, explica.
Cuidados específicos na alimentação
Questões psicológicas e de paladar também podem influenciar na saúde das pessoas da chamada “melhor idade”. O público idoso pode apresentar certas resistências em nome da praticidade e do sabor dos alimentos. Isso pode prejudicar o tratamento.
Ricos em açúcar
Dr. Aécio Lira explica que o idoso tem um paladar diferente. “Eles acabam optando por alimentos mais práticos, que são altamente palatáveis e ricos em açúcares e carboidratos. Então um indivíduo que pode estar dentro desse cenário do diabetes da pessoa idosa”, pontua. Para o médico, existe também uma questão psicológica.
“O idoso acredita que pode fazer as próprias escolhas, como foi quando adulto jovem. Além disso, surgem outras comorbidades. O tratamento do diabetes no idoso exige ainda mais cuidado para normalizar a glicemia. Mas não podemos passar do ponto e levar o idoso para um quadro de hipoglicemia, algo bastante temido neste público acima de 60 anos. O tratamento excessivo é mais deletério ao idoso que uma pessoa jovem”, finaliza.