Cinco anos após o lançamento, a sonda OSIRIS-REx da Nasa finalmente está voltando para casa – e com missão cumprida. Ela levou dois anos para chegar ao asteroide Bennu, onde manteve um movimento orbital por mais um tempo até que, em outubro de 2020, conseguiu recolher exemplares de rochas e poeira do pedregulho. Essa coleta terminou na última segunda-feira (10), quando a espaçonave ativou seus motores e adentrou sua trajetória rumo à Terra – uma viagem que só deve se encerrar em 24 de setembro de 2023.
O asteroide Bennu se enquadra na classificação NEA, sigla em inglês para “asteroide próximo à Terra”. Isso faz com que receba uma atenção especial, já que há riscos dele se chocar com nosso planeta no futuro. Por conta disso, é importante mapear sua extensão e também coletar amostras do solo para compreender melhor a ameaça. O asteroide Bennu possui cerca de 500 metros de diâmetro. Se fosse colocado ao lado do One World Trade Center, em Nova York, ele ficaria quase da mesma altura do prédio (que mede 546 m).
A OSIRIS-REx recolheu entre 200 e 400 gramas de amostras do asteroide, que agora estão armazenadas em sua cápsula integrada. Pode parecer pouco, mas esse punhado de rocha é extremamente significativo. A missão representará a maior entrega de materiais do sistema solar realizada pela Nasa desde as rochas lunares trazidas por astronautas da Apollo, entre 1969 e 1972. Além disso, a agência americana nunca trouxe pedaços de asteroide à Terra, ficando atrás da JAXA (Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial), que transportou fragmentos do asteroide Itokawa em 2010 e que está desde dezembro de 2020 com uma nave retornando à Terra com pedaços do asteroide Ryugu.
A sonda da Nasa, que tem o tamanho de um carro, não pousará na Terra. Ela orbitará o Sol duas vezes e depois seguirá sua trajetória até o nosso planeta, lançando na atmosfera apenas a cápsula contendo as amostras em 2023. Um paraquedas será ativado, permitindo que o módulo caia em segurança e seja recuperado pelos cientistas no deserto de Utah. Esse pode não ser o fim da OSIRIS-REx. A sonda poderá fazer uma viagem até o asteroide Apófis, cuja trajetória o coloca na categoria de “próximo da Terra” (embora, atualmente, ele esteja a 17 milhões de km daqui). A equipe envolvida na pesquisa deve propor à Nasa o alongamento da missão em 2022 e, caso isso seja autorizado, a nave poderá alcançar o corpo rochoso em abril de 2029.
Depois de recolhidas, as amostras serão armazenadas em um novo laboratório em construção no Centro Espacial Lyndon B. Johnson da Nasa, no Texas. Os fragmentos lunares coletados por astronautas da Apollo e outros materiais celestes também estão guardados no local.
Foram investidos na missão cerca de US$ 800 milhões. Como retorno, os pesquisadores esperam ter material de suporte para suas pesquisas sobre a origem dos planetas e os primórdios da vida na Terra. As amostras também poderão ajudar os cientistas a entender melhor o próprio Bennu. A Nasa já tem planos de enviar outras espaçonaves para analisar asteroides em 2021 e 2022, mas nenhuma das missões envolve a devolução de amostras à Terra.