O Brasil vive um momento crítico em relação à segurança cibernética, especialmente no que diz respeito ao uso de redes sociais. Nos últimos anos, o número de ataques virtuais tem crescido de forma alarmante, atingindo desde grandes empresas até influenciadores digitais que dependem dessas plataformas para trabalhar. De acordo com um relatório da Trend Micro, o Brasil é o segundo país da América Latina mais vulnerável a ataques de hackers, com 23 bilhões de tentativas de ataques digitais apenas no primeiro semestre do ano passado.
Entre as redes sociais, o Instagram se destaca como um dos principais alvos dos criminosos virtuais. Segundo uma pesquisa de uma agência internacional de análise de dados, essa rede social foi a terceira mais utilizada no Brasil em 2023, sendo também a mais invadida por hackers que utilizam as contas para roubar dados pessoais e aplicar golpes.
A modelo Emilly Costa é exemplo de figura pública que sofreu na pele os impactos desses crimes. Emilly teve seu perfil no Instagram hackeado, com o criminoso se passando por ela para vender objetos fictícios. “Infelizmente 10 pessoas caíram no golpe. Eu fiquei muito triste com a situação, me senti culpada, mas logo uma pessoa me ajudou a recuperar o meu instagram. Quem passa por essa situação fica desesperado. Temos muitas informações pessoais no Instagram”, disse Emilly.
Já a influenciadora Ana Melo perdeu uma conta com mais de 100 mil seguidores após clicar em um link malicioso. Apesar de todos os esforços para recuperar seu perfil, Ana viu sua conta ser deletada pelos hackers. “O hackeamento aconteceu durante a madrugada e eu ainda tentei recorrer ao Instagram por email. No dia seguinte fui à Delegacia de Crimes Virtuais e eles tentaram rastrear os possíveis criminosos. Quando os policiais conseguiram rastrear, eles mudaram o login. Até que teve um momento que os criminosos preferem excluir a conta do que correr o risco de serem localizados. Minha conta foi excluída e eu precisei recomeçar do zero”, relata a influencer.
O delegado Humberto Mácola, da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), destaca que, embora a legislação não acompanhe a velocidade das ações criminosas, o Brasil conta com uma estrutura legal robusta para combater esses crimes.
É claro que a legislação não caminha com a mesma velocidade que o criminoso atua na internet, mas hoje temos uma base legal que fundamenta nossas ações e torna possível encontrar os criminosos. No entanto, precisamos avançar ainda mais, especialmente na prevenção”.
Quais são os tipos de ataques cibernéticos mais comuns?
Um dos métodos mais comuns de ataque é o phishing, uma técnica onde os criminosos induzem os usuários a divulgarem informações confidenciais, como senhas e dados bancários. Eles geralmente enviam mensagens fraudulentas que imitam comunicações legítimas, fazendo com que a vítima acredite estar em contato com uma empresa ou pessoa confiável. Ao clicar em links ou abrir anexos maliciosos, o usuário é direcionado a páginas falsas projetadas para roubar suas informações.Outro tipo de ataque frequente é o ransomware, um vírus que criptografa os arquivos do sistema, tornando-os inacessíveis para o usuário até que um resgate seja pago ao hacker. Em 2023, ataques de ransomware renderam mais de US$ 1 bilhão aos criminosos, segundo a empresa americana Chainalysis.
Outros tipos de ataques incluem ainda:
Malware: software malicioso que infecta dispositivos para roubar informações ou causar danos ao sistema.
Engenharia social: manipulação psicológica para enganar as pessoas a divulgar informações ou realizar ações que comprometam sua segurança.
Como proteger as redes sociais?
Especialistas em segurança digital alertam que, além de usar programas de proteção, os usuários de redes sociais devem adotar práticas básicas para proteger suas contas. Entre as medidas recomendadas estão:
1. Definir uma senha forte – Use uma combinação de letras, números e símbolos.
2. Ativar a verificação em duas etapas – Uma camada adicional de segurança.
3. Manter os dados atualizados – Sempre verificar se o e-mail associado à conta é verdadeiro.
4. Verificar dispositivos conectados – Desconectar dispositivos desconhecidos ou não utilizados.
5. Denunciar contas suspeitas – Sempre que notar atividades estranhas, denuncie imediatamente.
Cristiano Altino, gerente de sistemas e segurança da informação, enfatiza que a educação é a base para a proteção digital. “É importante que as pessoas conheçam as ferramentas que estão usando e saibam configurar corretamente os aplicativos. Muitas vezes, os aplicativos vêm com um conjunto de funcionalidades padrão que, se não ajustadas, podem deixar as contas vulneráveis”, explica Altino.